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Calendário

Há muito tempo o Homem observa o céu atentamente. Muito cedo se deu conta de vários fenômenos celestes, periódicos ou não. Dentre os fenômenos cíclicos facilmente notados, destaca-se o nascer e pôr dos astros (alternância dia/noite – aproximadamente 24 horas) provocados pela rotação da Terra.  A alteração na configuração do céu noturno acompanhada da alteração no ponto de nascer e de pôr do Sol e das mudanças das variáveis meteorológicas (estações do ano – aproximadamente 365,2422 dias) é também, muito fácil de se perceber. Estes fenômenos são consequência da inclinação do movimento de translação da Terra em relação ao seu movimento de rotação. Outro fenômeno que salta aos olhos diz respeito às fases da Lua que são consequência do movimento da Lua ao redor da Terra (aproximadamente 29,5 dias).

Se a partir da Grécia antiga o Homem começou a buscar explicações racionais para essas e outras regularidades, muito antes disso, percebeu que esses fenômenos poderiam ser usados para medir ou para contar o tempo. Assim, a alternância dia/noite passou a definir uma unidade de medida de tempo, o dia. As fases da Lua definiram o mês. As estações do ano por sua vez, forneceram outra unidade de medida do tempo, o ano. Da utilização dessas unidades para se medir intervalos de tempo e datar eventos, surgiu o calendário.

Babilônios, egípcios, chineses, gregos e muitos outros povos, definiram calendários com base lunar, solar ou ambas e tentaram encaixar um ciclo no outro, isto é, tentaram obter um ano com um número inteiro de meses e de dias. Como esses ciclos não se encaixam perfeitamente um no outro, ao longo do tempo foram se acumulando defasagens em seus calendários devido à fração de ano desprezada fazendo com que determinado evento deixasse de ocorrer ou na mesma data ou na mesma estação do ano.

O calendário que utilizamos hoje está baseado no calendário romano introduzido por Rômulo, fundador de Roma, por volta de 750 a.C. Aqui, o ano tinha dez meses de 30 ou 31 dias perfazendo um total de 304 dias. Os quatro primeiros meses do ano eram Março (Marte-deus da guerra), Abril (Apolo-deus da beleza), Maio (Júpiter-deus do Olimpo) e Junho (Jun-esposa de Júpiter). Os meses seguintes eram quinto, sexto, ..., décimo. Pouco depois, Numa, sucessor de Rômulo, introduziu dois novos meses Janeiro (Janus-deus da paz) e Fevereiro (mês das doenças). Os meses passaram então a ter 29 ou 31 dias, exceto Fevereiro com 28, definindo um ano com 355 dias. A defasagem de dez dias em relação aos 365 dias do ano das estações obrigava a introdução de um 13° mês a cada três anos.

A grande confusão assim gerada foi desfeita por Júlio César em 46 a.C. Definiu que os meses teriam 30 ou 31 dias exceto Fevereiro com 28 dias nos anos normais. A cada 4 anos teríamos um ano bissexto com 366 dias quando então Fevereiro teria 29 dias. Assim, a média sobre quatro anos dá um ano de 365,25 dias, muito próximo da duração do ano das estações.

Essa é a origem do calendário que usamos até hoje. Trata-se de um calendário solar e apenas algumas festas religiosas são definidas com base na Lua. Calendários com base na Lua ainda são usados por alguns povos como os Judeus e Mulçumanos, por exemplo.

Para impedir uma defasagem ainda que pequena entre o calendário Juliano e as festas religiosas, o Papa Gregório XIII introduziu em 1582 uma nova correção a partir da qual nem todos os anos divisíveis por quatro seriam bissextos assegurando assim, a cada 400 anos um ano médio de 365,2425 dias. Este é o calendário que usamos atualmente.

Embora não tenha sido adotado imediatamente em muitos países, o Calendário Gregoriano pode ser hoje, considerado universal. É utilizado no mundo todo, mesmo por aqueles povos que por razões culturais/religiosas ainda utilizam paralelamente, outro calendário.

A evolução do calendário e o fato dos povos tomarem a Lua ou o Sol ou ambos como base na construção de seus calendários faz com que, por exemplo, o ano tenha início em momentos distintos para esses povos. Mesmo em um dado calendário o início do ano pode variar ao longo de sua evolução. Iniciar o ano em 1° de Janeiro é uma convenção introduzida na reforma gregoriana e não foi adotada por todos os países ao mesmo tempo.

O momento a partir do qual se começa a contar os anos (Era) resulta também de uma convenção e em geral está associado a eventos religiosos. Nascimento de Jesus Cristo no caso do Calendário Gregoriano (Calendário Cristão), criação do mundo (3761 a.C.) no calendário Judaico, Hégira, saída de Maomé de Meca para Medina (622 d.C.), no calendário Mulçumano, etc.

A contagem do tempo em anos, meses, semanas e dias, embora tenha uma base astronômica, não deixa de ser uma convenção. No sec. XVI surgiu uma outra convenção, muito utilizada pelos Astrônomos, que consiste em simplesmente contar o número de dias (Dias Julianos) a partir de um certo instante. O adjetivo juliano não tem nada a ver com Júlio César e a origem da contagem, 1° de Janeiro de 4713 a.C., foi definida como o momento da coincidência do início de três ciclos: 1- período de 28 anos para que os dias da semana em um ano se repitam; 2- período de 19 anos para que as fases da Lua ocorram nas mesmas datas (ciclo de Méton); 3- ciclo de 15 anos relacionados à cobrança de impostos por Roma. Assim, no início do ano de 2007 (0 horas de 1º de Janeiro) por exemplo, temos 2.454.101,5 Dias Julianos.

 

Ramachrisna Teixeira

IAG/USP

 

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